Entrevista com a jogadora de vôlei e sobrinha, Ana
Entrevista com a jogadora de vôlei e sobrinha, Ana BeatrizPublicada por Gosp
Publicada em 05/05/2023
Depois de passar por momentos tensos no terremoto da Turquia, que matou mais de 41 mil pessoas no começo de fevereiro, a sobrinha, Ana Beatriz Corrêa, nos agraciou com uma entrevista. Nossa heroína estava jogando em um time de vôlei profissional na Turquia, onde ocorreu o terremoto. Ela liderou uma equipe de ajuda, arrecadando mantimentos, remédios e material higiênico para os desabrigados e sobreviventes. Venha ler essa entrevista emocionante.
1. Quem é a Ana Beatriz e como você descobriu seu talento no vôlei?
Ana Beatriz - Eu sou a Ana Beatriz, nasci em Sorocaba em 1992. Eu sempre fui apaixonada por esporte, no geral mesmo, não especificamente no vôlei. O meu esporte número um sempre foi o futebol, mas pratiquei infinitos esportes, e assim, eu sempre fui ligada no 220, gostava de esporte, de brincar e estar na rua, e depois de um tempo jogando todos os esportes o vôlei apareceu na minha vida. Eu estudava em uma escola e um professor me convidou para ir treinar na escolinha dele que era especificamente de vôlei e, inclusive, era um esporte que eu não tinha muito conhecimento, na escolinha eu comecei a entender os fundamentos e então eu me apaixonei.
2. Como foi a sua trajetória no esporte e a mudança para a Turquia? Você se adaptou bem com a mudança?
Ana Beatriz - Eu comecei na escolinha e logo em seguida fui para Osasco que era um time profissional, eu fiz um teste e a partir daí minha carreira começou a andar. Eu passei por seleção de base, joguei superliga com 17 anos e aí comecei a conquistar várias coisas no vôlei. Minha trajetória começou em Sorocaba, depois passei por grandes times no Brasil, passei uma temporada na Itália e até que cheguei na Turquia, que era onde eu queria jogar porque a Turquia tem uma das ligas mais fortes do mundo, assim como a Itália.
Eu me adaptei bem, eu já tinha morado na Itália e gostei bastante. O povo turco é um povo muito receptivo, solicito, a comida é muito boa, então foi tranquilo a minha adaptação. Eu já tinha vivido no frio da Itália, então o da Turquia também foi fácil de me acostumar.
3. Como foi para você estar na Turquia e presenciar o terremoto?
Ana Beatriz - Ah, essa parte foi bem difícil, a gente nunca espera que vá estar nesse momento no país, mas acontece né. Eu passei por 3 terremotos bem fortes e depois acabei tomando a iniciativa de começar a ajudar as pessoas, eles sofreram muito, afinal foi um dos terremotos mais fortes que já teve lá. Muitas pessoas ficaram desabrigadas, perderam tudo e principalmente a família, então resolvi ajudar e contribuir da forma que eu podia. Recebi muitas doações dos meus amigos do Brasil e dos amigos dos meus pais, todo mundo se mobilizou para conseguirmos realizar grandes doações, foi difícil, mas depois eu entendi que eu tinha que estar lá para viver aquilo e poder ajudar.
4. De onde surgiu a ideia de dar apoio aos turcos em meio a tanto medo e incertezas?
Ana Beatriz - Surgiu porque no dia seis quando aconteceu eu senti muito medo e no dia sete era o meu aniversário, eu não estava entendendo, eu amo fazer aniversário e fiquei me perguntando o porquê de passar por isso em um dia que eu gosto tanto e aí resolvi que queria ajudar. Eu parei para pensar, uma pessoa forte, com saúde, nova e por que eu não poderia ajudar né?
Eu coloquei na cabeça que queria ajudar só que não sabia como, até cogitei ir ajudar no resgate, mas as meninas falaram que não dava para ajudar porque precisava de pessoas que soubessem fazer o resgate. E então o meu pai tomou a iniciativa porque eu fiquei falando para minha família que queria fazer alguma coisa, ele teve a ideia de arrecadar dinheiro com os amigos dele, mandou mensagem nos grupos de amigos, foi aí que eu vi que todo mundo estava disposto, postei no meu Instagram e tomou uma proporção enorme. Foi muito do sentimento de estar ali perto das pessoas, eu nunca tinha presenciado um desastre assim e não tem como você olhar as imagens na televisão, saber que você está ali e não ajudar.
5. Assim que você retornou ao Brasil, o GOSP realizou uma sessão em homenagem pela sua bravura e ainda na Turquia a Loja ARLS Luzes da Concórdia- 4384 fez uma boa arrecadação que foi enviada para comprar mantimentos. Qual foi a sua sensação em receber tanto apoio?
Ana Beatriz - O que eu mais recebi foi apoio, em primeiro lugar foi doação de dinheiro mesmo, mas recebi muita mensagem, muita energia positiva, muita gente querendo saber como eu estava psicologicamente depois daquela situação, e assim, eu só tenho o que agradecer a todo mundo. A homenagem da maçonaria foi linda e super emocionante a forma como eles me receberam e falaram com maior carinho.
Eu conheço a grande maioria que estava ali e falaram com tanto carinho de mim, eu fiquei super feliz e grata por tudo, se eu pudesse dividir a homenagem em um milhão de pedacinhos para poder compartilhar com todo mundo que me ajudou eu faria isso. A homenagem foi para mim, mas no coração está o nome de cada pessoa que esteve do meu lado, eu só tenho a agradecer a maçonaria que foi fantástica e eu fiquei muito feliz.